"Se o gestor vê que os alunos têm um nível de proficiência considerado satisfatório, precisa saber quais as competências e habilidades já possuem e avançar no que ainda precisam aprender. Muitas vezes, é uma desavença curricular. Ele percebe que a prova persegue um padrão que a escola não reconhece."
Para ajudar nesse entendimento, o Cenpec criou, em parceria com Fundação Itaú Social, um projeto que visa a trabalhar os resultados da Prova Brasil com coordenadores. O primeiro congresso aconteceu, no início deste mês, em Ponta Grossa (PR). Em dois encontros de oito horas de duração cada um, que reuniu coordenadores e diretores, foi feito um estudo de caso.
"É preciso instrumentalizar porque a complexidade técnica da avaliação é muito grande. Vimos a angústia de muitos deles por não compreenderem com clareza e, por isso, não conseguirem trabalhar melhor."
É só com o desvelamento dos resultados que é possível estabelecer estratégias para o alcance da meta. "Depois que você entende, começa a se perguntar a razão daquele resultado. É importante que a escola se compare com outras de perfil sócio econômico parecido, com as mesmas condições de infraestrutura", diz Gremaud. Segundo ele, se bem entendido, o Ideb funciona como um espelho. "Muitas vezes a gente esconde os problemas mas, em outras, escondemos os nossos trunfos. Esse olhar externo ajuda a balizar."
Apesar de necessário e importante, é consenso entre os especialistas, porém, que alguns processos da avaliação, ainda precisam ter avanço.
Para Gremaud, é importante que a Prova Brasil seja ampliada: "Em Português, só se avalia a leitura, é importante que a escrita seja incluída. No ensino médio, é fundamental que incluam conteúdo de ciências naturais e humanas."
Maria Helena diz que é preciso avançar tecnologicamente na produção da prova. "O ideal é que a prova seja respondida no computador e haja um software que apresente questões mais complexas à medida em que o aluno avance na resolução. Isso no Enem, por exemplo, iria tornar a avaliação mais fidedigna."
Os problemas próprios do sistema educacional brasileiro também precisam ser levados em conta, pondera Eloísa, do Cenpec. "O Ideb não necessariamente representa a realidade da escola. O número classifica em ordem crescente e decrescente, mas em educação há muitas variáveis. Escolas em territórios de maior vulnerabilidade estão mais vulneráveis. Não dá para ignorar, também, as condições dentro da escola, o capital social das famílias e o fato de que ainda temos professores leigos."
Por Ocimara Balmant, do Estadao
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