sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Queda do analfabetismo foi lenta nos ultimos 8 anos

Durante o governo de Lula, a taxa de analfabetismo na populacao de mais de 15 anos caiu de 11,6% para 9,7% (Pnad), referente a 2003 e 2009. Mesmo com o aumento dos recursos e da mobilizacao de governantes estaduais e municipais para resolver o problema, a reducao e lenta (avaliacao da Professora da USP Maria Clara de Pierro) pesquisadora do tema.
"Na verdade os resultados sao frustrantes se considerarmos as medidas e os esforcos que foram feitos. O ritmo de regressao nos ultimos anos foi inferior a 0,5 ponto percentual ao ano. Se nao mexermos neste ritmo, serao necessarios duas decadas para erradicar o analfabetismo",aponta Maria Clara.
A principal estrategia do MEC para enfrentar o problema e o PBA, criado no primeiro ano de governo. Ele apoiou com recursos e assistencia tecnica a projetos de Alfabetizacao de Jovens e Adultos em cerca de 4 mil municipios, com prioridade para aqueles que apresentem indice de analfabetismo mais alto. Em 2009, foram aplicados R$ 295,1 milhoes no programa. O aporte em 2010 ate julho foi de R$ 365 milhoes.
Para o coordenador do Programa, Jorge Telles, o pais deve comemorar o fato de que pela primeira vez a taxa de analfabetismo ficou abaixo de dois digitos. Ele destacou que foram as regioes Norte e NORDESTE ,justamente aquelas que sao o foco do PBA, as que registraram a MAIOR QUEDA no indice. DE 22,4% em 2004 para 9,2% na populacao NORDESTINA e de18,7% para 8% nos Nortistas.
"Ainda temos como desafio a questao da escala.O governo federal nao faz um programa por si so, o que ele faz e apoiar estados e municipios. Mas a acao ainda e timida na ponta e nao podemos forcar isso, o que fazemos e atender tudo o que o estados ou municipios pede", afirma Telles, ressaltando que, em media, 1,2milhao de alunos passam pelo programa ao ano.
Ao comparar os numeros absolutos, a queda e bem mais timida. Em 2004 o total de analfabetos no pais era de 15,6 milhoes e, em 2009, 14,1 milhoes. Maria Clara aponta que muitos dos que participam do programa ja tiveram acesso a escola e apresentam um nivel"rudimentar" de leitura e escrita. Sao pessoas que nao se declaram analfabetas nas pesquisas e por isso nao entram na conta de reducao. Para ela o desenho do programa e equivocado.
"Ele(o programa) supoe que em um periodo curto e com incentivos modestos voce consiga mobilizar as pessoas para participar. Mas os professores tem uma formacao muito insuficiente e voce nao garante a qualidade, nem modifica as praticas de leitura e fundamentalmente nao garante a continuidade de estudos", afirma.
A professora da USP ressalta que o problema e complexo e esta associado a situacoes de exclusao e pobreza." Nao e um fenomeno social isolado", pontua. Por essa razao, a efetividade so sera maior quando for articulada com politicas intersetoriais que atraiam esse grupo para a sala de aula.
"Para um trabalhador, cortador de cana, nao tem porque ele se desafiar a permanecer numa escola pouco atrativa,com recursos escassos. Algo que ja se aprendeu e que fornecer oculos para as pessoas e atendimento de saude e uma coisa elementar", aponta.
Segundo Telles, o MEC ja esta atuando a partir dessa perspectiva formando comissoes intersetoriais entre as varias secretarias dos municipios para tornar o programa mais atrativo. Ele destaca que a concepcao de educacao ainda e muito infantilizada no pais, o que afasta os adultos ainda iletrados.. Ele acredita que o trabalho das escolas precisa ser mais pro-ativo. "Nao adianta esperar que ele procure a escola para saber qual sera o periodo de matricula, a escola tem que procurar essas pessoas, fazer campanha de radio, nas associacoes comunitarias", afirma.
Maria Clara destaca que apesar de os resultados do programa nao serem os esperados, a politica nacional de EJA e hoje muito mais institucionalizada. Os alunos dessas turmas, por exemplo, sao contabilizados no repasse que e feito aos municipios pelo FUNDEB.
"Agora, essa etapa esta incluida no Programa do Livro Didatico, na merenda, no transporte escolar, essa e uma mudanca historica ,algumas condicoes foram dadas para que a politica de EJA se desenvolva de forma institucionalizada", ressalta.

Fonte: ESTADAO

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